quarta-feira, 27 de agosto de 2014

26 (menos do que isto, menos de um mes para tornar)

isso então...
é o mesmo que antes
ou que da outra vez
ou da vez anterior a essa.
eis um pau
e eis uma boceta
e eis um problema.
a cada vez
você pensa
bem eu aprendi desta vez:
vou dizer a ela que faça isso
e eu farei isto,
já não quero a coisa toda,
só um pouco de conforto
e um pouco de sexo
e apenas um mínimo de
amor.
agora novamente espero
e os anos vão escasseando.
tenho meu rádio
e as paredes da cozinha
são amarelas.
sigo esvaziando as garrafas
à espera
dos passos.
espero que a morte reserve
menos do que isto.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

25 (feito pizza)

verdade não é
pra poeta
é pra poema

não tem cara
célula da pele
não se pode
acariciar
estuprar
fatiar feito pizza
como tudo
é bela eterna
até que se observe

é pena
que o poeta exista!
o poema era
belo eterno
antes do lápis
manchar o papel de
funk
porra e
pizza

o pão
não precisa
da fome

a água
não precisa
da sede

o poema
não precisa
do poeta
assim como
o gozo
não precisa
do pau

24

Um subtitulo
fevereiro vem sempre
depois de janeiro
o ovo sempre depois
de alguma coisa
a galinha assada frita cozida
está sempre morta no prato
se uso garfo mão
não importa
está sempre morta

algumas coisas escolho
como bater um bolo
se pulo, se voo
quando verão não
quando é verão

o óbvio é bonito
precisa ser dito:
tua boca cabe
numa metáfora

preciso dizer!
preciso dizer!
preciso dizer!
mas escolho
deixar morrer. 

na distância que crio
(para manter a forma)
você se deforma como
aquelas gelecas, sabe?
é uma imagem triste,
como pagode e praia.
sabe?

e é por isso que digo:
a vida é boazinha
deixa sempre escolher
depois de já ter escolhido

23

Eu sou essa gente que se dói inteira porque não vive só na superfície das coisas.”