sábado, 3 de janeiro de 2015

32

uma blusa jeans me toca no ombro
tapa meus olhos com mãos sem dedos 
pede, com boca sem lábios, um beijo.
mas assim? sem cinema, vinho, sem lábios? 

ela me envolve nos braços de pano azul e,
em silêncio, me puxa pra fora do asfalto,
seu cheiro é aquele da pele da tua nuca. 
embora fosse só pano, tirou tudo que tinha.

eu nunca mais conseguir acordar. 

procuro nas mãos, dedos que nunca tive e
faço yoga nos lábios que nunca foram espelho.
o corpo que nunca conheci é aquele com quem 
quero me deitar enquanto não consigo acordar. 

de jeans, sem nada, te procuro fora dos dias 
sei que não saberei desabotoar teus botões, então
sonho te encontrar em algum sonho já sem camisa:

com dedos, lábios e aquele cheiro da pele da tua